segunda-feira, 4 de agosto de 2008

O PSICOPATA MORA AO LADO


Minha intenção ao escrever este artigo é a de alertar o leitor ainda desprevenido desta idiossincrasia humana: o psicopata. Ele é uma realidade tangível, mais próxima de nós do que parece. Isso me preocupa bastante principalmente diante do crime brutal ocorrido em Goiana. Ofereço neste Blog a descrição de algumas de suas características, ao mesmo tempo, que confesso às vezes nosso despreparo, enquanto profissionais, cidadãos e principalmente da Justiça em entender e lidar com a atuação destruidora destes seres. Tento fugir um pouco da terminologia técnica para não congestionar o texto, que já por si só, reconheço, é bastante pesado. Qual a nossa participação social nesse mal?
Penso em mostrar um artigo, municiando o leitor com alguns elementos a mais para que melhor se proteja destes seres devastadores em que as conseqüências dos seus atos são mostrados nas matérias diárias dos noticiários:

- Folha de S.Paulo 09/11/2002 - 17h43 Suzane pede para advogada avisar irmão que está triste. A estudante Suzane Louise Von Richthofen que confessou ter participado da morte de seus pais, Manfred e Marísia Von Richthofen, pediu hoje a uma advogada que a visitou na prisão que contasse a seu irmão, Andreas, 15, que ela está muito triste. O garoto está com um tio.
-Folha de S.Paulo 09/11/2002 - 04h19 Crime da Rua Cuba continua sem solução Conhecido como "o caso da Rua Cuba", o assassinato do casal Jorge Toufic Bouchabki e Maria Cecilia Delmanto Bouchabki, ocorrido na véspera do Natal de 1988, permanece insolúvel. Na ocasião, o filho mais velho do casal, Jorge Delmanto Bouchabki, o Jorginho, então com 18 anos, passou a ser um dos suspeitos.
-Folha de S.Paulo 21 Maio 22h01min 2004 Gil Rugai nega assassinato do pai. O estudante Gil Grego Rugai, de 21 anos, negou, hoje, à Justiça ter assassinado seu pai, o publicitário Luiz Carlos Rugai, de 41, e sua madrasta, Alessandra de Fátima Troitiño, de 33. Em seu interrogatório, na 5ª Vara do Júri, o réu afirmou ainda que não esteve na casa do pai no dia do crime. Laudo recente da perícia constatou que a pegada de Gil é compatível com uma marca encontrada em uma porta arrombada da casa do publicitário.
Folha Online 14/10/2003 - 14h17 Justiça suspende benefícios de condenados pela morte de pataxó. A Justiça suspendeu hoje o benefício de regime semi-aberto para três dos quatro rapazes condenados pelo assassinato do índio pataxó Galdino de Jesus. O índio, de 44 anos, teve o corpo queimado, em 1997, enquanto dormia em um ponto de ônibus de Brasília.
-Folha Online 14/11/2003 - 11h39 Estudante foi violentada e torturada por acusados, diz polícia. A estudante Liana Friedenbach, 16, morta com o namorado Felipe Silva Caffé, 19, em Embu-Guaçu, na Grande São Paulo, foi violentada e torturada pelos acusados de envolvimento na morte do casal, segundo afirmaram policiais que investigam o crime. O resultado do laudo pericial sobre o estupro, no entanto, ainda não foi concluído. O adolescente R.A.C, 16, o Champinha, apontado como o líder do grupo, "idealizou o abuso contra Liana, oferecendo-a aos outros comparsas", disse o delegado Silvio Balangio Júnior, da Delegacia Seccional de Taboão da Serra. Felipe morreu com um tiro na nuca no último dia 2, e Liana, a facadas, na madrugada de quarta-feira, segundo a polícia. Ainda segundo a polícia, Champinha foi o responsável por matar Liana e ajudou Paulo César da Silva Marques, 32, o Pernambuco, a matar Felipe.
-Folha de S.Paulo 27/06/2005 - 15h24 Serial killer admite ter matado 10 pessoas no Kansas WICHITA (Reuters) - Um serial killer descreveu calma e objetivamente, em um tribunal do Kansas (EUA) na segunda-feira, como matou 10 pessoas, chamando suas vítimas de "projetos" para realizar suas fantasias sexuais. Dennis Rader, que confessou a culpa em 10 homicídios, contou de maneira indiferente como deu um copo de água a uma mulher depois que ela vomitou, só para estrangulá-la com uma corda, enquanto seus filhos, trancados em um banheiro, gritavam pela mãe. Em outra ocasião, ele enforcou uma menina de 11 anos no porão da casa dela, e se masturbou ao lado do corpo, depois de ter assassinado seus pais e um irmão de 9 anos no andar de cima. Os detalhes de uma série de assassinatos cometidos durante 18 anos por Rader foram narrados perante um tribunal do Condado de Sedgwick. Descrito como um homem religioso, Rader, que hoje tem 60 anos, será sentenciado em 17 de agosto.
E tantos outros crimes que aconteceram como a morte do menino João Helio no Rio de Janeiro que foi arrastado por mais de 7 km. Ainda a morte da menina Isabella, supostamente morta pelo seu pai Alexandre Nardoni e sua madrasta Anna Carolina Jatobá, ao ser atirada pela janela do 6º andar de um apartamento em São Paulo. E mais recentemente o crime do esquartejador de Goiana.
Resta-nos criar um oportuno e impreterível distanciamento afetivo para suportar o transbordamento agressivo e destruidor destas manchetes. Assim, como um
mecanismo natural de defesa de nossa psique, vamos, aos poucos, nos auto-anestesiando ante a brutalidade desta monstruosa e gratuita violência cometida entre humanos, e da qual não temos como ignorar. Esta realidade horripilante desafia nossa melhor ficção literária a superá-la.
Em geral sempre são descritos pelas perplexas testemunhas das tragédias jornalísticas como: “... era um rapaz um tanto tímido, mas simpático”, ou “... essa garota era uma graça, amável com todos nós”, ainda “... encontramo-nos no elevador do prédio inúmeras vezes, e este moço sempre nos cumprimentava, nunca tivemos uma queixa dele”. Esses seres conseguem conviver camuflados na sociedade até que cometam um crime com características cruéis, embora na grande maioria das vezes já dêem alguns sinais quando adolescentes com os chamados Transtornos de conduta. Foi o que aconteceu com o jovem de Goiana além do envolvimento na grande maioria das vezes com drogas. Insisto que minha intenção não é a de chocar o leitor, mas de alertá-lo e preveni-lo contra esta espécie mutante, o Homo desolator (devastador; que espalha a desolação – foi o melhor que consegui em latim). Pois é, e, basta o estudo da morfologia de um delito, para identificar-se se foi cometido por um psicopata, ou não. E, entre nós, eles aparentam a mais absoluta normalidade psíquica e social. Mesmo os policiais confessam, muitas vezes, ficarem chocados com tais acontecimentos, apesar dos anos de experiência com o crime. Claro que nem todo homicida é psicopata. Para se chegar a um diagnóstico, se houver esta suspeita, a justiça nomeia um ou mais psiquiatras ou psicólogos peritos para consultarem o criminoso. Ao exame, o que mais chama a atenção nos psicopatas é a sua frieza e total descompromisso com o que narram, em detalhes milimétricos, de como mataram suas vítimas. No caso de Suzane ,por exemplo, contou quem a acompanhou no dia da reconstituição do assassinato de seus pais, que ela estava absolutamente calma e segura, e, notem, era a primeira vez que voltava à sua casa depois da tragédia. Dissimulada ao extremo, ao perceber que ia ser fotografada ou filmada, levava um lencinho às vistas, para simular um choro.
Psicopata define uma categoria específica de anomalia psíquica. Não é uma síndrome, menos ainda uma doença. É uma personalidade anormal, no sentido de ter todas as qualidades da normal, tais como, raciocínio temático, boas atenção e memória, inteligência às vezes elevada, poder decisório e apto para a ação, porém, cada qual, em quantidades proporcionalmente diferentes (distúrbio quantitativo) da média estatística. Alguma dessas qualidades pode até faltar por completo: principalmente a emoção. Representa um risco para a comunidade. Seu conceito, portanto, é mais social do que psiquiátrico, é uma sociopatia.
Psicopata, entenda-se que é o tipo “sem sentimento”.
“A personalidade psicopática é aquela que sofre ou faz sofrer à sociedade”. Claro que todos concordam com essa afirmação - quem discordar que atire a primeira pedra. Será que alguém se arriscaria?

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